Javier Izquierdo Reyes
Noite de Natal.
Estou bonita que é um desperdício.
Não sinto nada
Não sinto nada, mamãe
Esqueci
Menti de dia
Antigamente eu sabia escrever
Hoje beijo os pacientes na entrada e na saída
com desvelo técnico.
Freud e eu brigamos muito.
Irene no céu desmente: deixou de
trepar aos 45 anos
Entretanto sou moça
estreando um bico fino que anda feio,
pisa mais que deve,
me leva indesejável pra perto das
botas pretas
pudera
Nochebuena.
Estoy bonita que es un desperdicio.
No siento nada
No siento nada, mamá
Olvidé
Mentí de día
Antes sabía escribir
Hoy beso a los pacientes en la entrada y en la salida
con desvelo técnico.
Freud y yo peleamos mucho.
Irene en el cielo desmiente: dejó de
trepar a los 45 años
Entretanto soy joven
estrenando un tacón de aguja que anda mal,
pisa más de lo que debe,
me lleva indeseable cerca de las
botas negras
claro
Sábado de aleluia
Escuta, Judas.
Antes que você parta pro teu baile.
A morte nos absorve inteiramente.
Tudo é aconchego árido.
Cheiro etemo de Proderm.
Mesa posta, e as garras da vontade.
A gana de procurar um por um
e pronunciar o escândalo.
Falar sem ser ouvida.
Desfraldar pendengas: te desejo.
Indiferença fanática ao ainda nao.
Sábado de aleluya
Escucha, Judas.
Antes de que partas para tu baile.
La muerte nos absorbe enteramente.
Todo es amparo árido.
Olor eterno de Proderm.
Mesa puesta, y las garras de la voluntad.
Las ganas de buscar uno por uno
y pronunciar el escándalo.
Hablar sin ser oída.
Ventilar peleas: te deseo.
Indiferencia fanática al aún no.
poema óbvio
Não sou idêntica a mim mesmo
sou e não sou ao mesmo tempo, no mesmo lugar e sob o mesmo ponto de vista
Não sou divina, não tenho causa
Não tenho razão de ser nem finalidade própria:
Sou a própria lógica circundante
poema obvio
No soy idéntica a mí mismo
soy y no soy al mismo tiempo, en el mismo lugar y bajo el mismo punto de vista
No soy divina, no tengo causa
No tengo razón de ser ni finalidad propia:
Soy la propia lógica circundante
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